quarta-feira, outubro 10, 2012

O Que Faz Falta



O que faz falta ao Sporting?

"Uma direcção nova!”, clamou-se. Dias da Cunha estava caquéctico, Soares Franco gostava mais de outras coisas, Bettencourt fez o Zeferino Boal parecer credível e Bruno Carvalho cheirava a populismo… para além de ter sido afinado dali para fora. Por isso, Godinho e não chora. Ámen.

Uma equipa nova!”, exigiu-se a seguir. Ouvimos, Senhor. Vieram sul-americanos, holandeses, espanhóis, juniores, internacionais, gente sem joelho e até o Ribas. 

Um treinador novo!”, era o natural passo subsequente. Depois de Paulo Bento, foram como os polícias, sempre aos pares por época. Até chegar Sá Pinto. Aleluia! Hossanas às alturas, era a ressurreição do filho perfeito. O messias. O único capaz de emprestar um rumo de calma e serenidade a um clube aturdido. 

Sá Pinto. Calma e serenidade. Todos pressentimos o resultado.

O que faz falta é mudar de estádio. Esperem aí, já se mudou. Então mude-se de símbolo. Eh pá, é verdade, também já se mudou. 

O que faz falta é animar a malta!”, já avisava José Afonso. É bonito, sim senhor. Mas é insuficiente, porque a malta desanima-se com muita facilidade.

Não, o que faz mesmo falta é Santa Maria.

Quem? O grupo europop que deslumbra em concentrações de tuning? Duvido, eles não fazem falta a ninguém que já tenha abandonado o circuito turbulento dos carrinhos de choque e que se enjoe com o cheiro de churros e farturas.

Será o central com cara de filho do Tony Carreira, o mais precoce dos prodígios made in Alvalade-Alcochete? É verdade, Santamaria era afinal um menino. Com 16 aninhos apenas, saltou para a ribalta em Chaves, a terra dos sonhos em forma de presunto, num frio Janeiro de 1999. Santamaria, cuja alcunha permanece um mistério para um tipo chamado Ricardo-qualquer-coisa, tornou-se no mais jovem jogador a envergar a camisola sénior dos leões, batendo o ex-assador de leitões Caneira neste record. Em condições normais, ele seria a figura do jogo. Mas aquele foi justamente o jogo da célebre azia de Jorge Coroado. E assim, a falta de Rennie estragou a estreia do púbere central. 

Santamaria, traumatizado por esta infeliz coincidência, regressou ao espremer de borbulhas e demorou um pouco a impor-se junto dos grandes. Talvez um pouco demais. Quando deu por si, já era um jogador maduro a jogar intermitentemente em divisões inferiores. Adeus, vã glória. Por quem és, bisonho record? Nem o sacrossanto nome o salvara de uma existência pouco mais que mundana. A única saída: o exílio dos malfadados, o tépido Chipre. Por lá ainda se encontra, na candura das suas 32 30 primaveras, embora a maior parte da gente pense que já seja avô.
Mas, obviamente, não é o Santamaria central que faz falta ao Sporting. Pelo menos, na óptica do Xandão. É mesmo a Santa Maria, Mãe de Deus, com algum dos seus (grandes) milagres. Mesmo assim, talvez não chegue.
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